21 dezembro, 2005

É hora de almoço, e invento uma sesta. Sou uma profissional, e não durmo em serviço, mas uma sestazinha sabe sempre bem...
Apanho o colega mais apetecido, e paramos no hotel mais próximo. Já estamos no quarto, despidos, ávidos, e ele pergunta:
- Como gostas mais?
Eu respondo que temos tempo para tudo...
É claro que não temos tempo para tudo. Não há tempo nenhum, nem para perguntas. Estou de frente para a parede, ele atrás de mim a agarrar-me pela cintura, e de repente uma comichão incontrolável surge-me no meio das costas. Mexo-me, remexo-me, ainda procuro o comando da televisão, mas não consigo evitar um:
- Pára! Preciso que me coces as costas!
Tenho pena de não lhe ter visto a primeira reacção, já que a posição do momento só me permitia olhar para a cabeceira da cama...
No fundo, eu até estava a dar-lhe a oportunidade rara, de passar de amante esporádico a amigo para o resto da vida.
Pensem na escassa quantidade de pessoas a quem pediram para vos coçar as costas. Nem à família, muitas vezes!

08 dezembro, 2005

O amor é fodido

O amor é fodido. Hei-de acreditar sempre nisto. Onde quer que haja amor, ele acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser fodido.
Porque é que fodemos o amor?
Porque não resistimos. É do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir. De resto, ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem que haver escombros. Tem que haver esperança. Tem que haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo.
O nosso amor já está fodido há muito tempo. Ela não acredita em nada do que eu digo, mesmo quando eu não digo nada...

01 dezembro, 2005

Gosto de chegar a casa e passear-me com o mínimo de roupa possível...
Tenho a cama feita de lavado. O computador em cima das pernas, tiro os óculos e socorro-me de uma das hastes para chegar ao ponto que me interessa - o meio das costas - que a mão não alcança.
Depois gosto de ficar a falar para dentro do computador. Quando as palavras ficam presas no ecrã, deixam de estar à solta na minha cabeça.
Um dia ainda vão perceber porque gosto tanto de escrever...