26 novembro, 2005

Imaginem um restaurante super elegante. Imaginem-me de vestido preto. Imaginem que dentro da minha mala tenho um vibrador que não combina nada com o homem que tenho à minha frente.
Eu temia que ele fosse um daqueles homens na crise da meia-idade que sufocam uma mulher quando a beijam. Se virem nisto algum arrebatamento cinematográfico, desenganem-se. É assustador.
E, pensando bem, talvez verdadeiramente assustador seja uma mala que se abre sem elegância, num restaurante onde quase ninguém sabe o que é a crise da meia-idade, e muito menos um vibrador.
Não vejo sexo neste homem bem parecido. Nem é por eu ter encostado o meu joelho ao dele e não ter sentido nada. Nem é por eu ter um vibrador na mala...
O meu telemóvel estava quase a tocar e eu... não sabia. Ele estava quase a tocar-me e eu... também não sabia.
Tudo se precipitou no momento em que entorno o último copo de vinho tinto... e ele agarra-me a mão... e eu agarro no telemóvel que toca... e a mala abre-se caindo no chão...
Momento de ouro do jantar... o vibrador rola no chão... que filme!
O vibrador foi um presente dos meus trinta anos, e para quem acha que já está fora de tempo posso garantir que nunca é tarde demais para vibrar... nem com um momento destes...
Não cheguei a ser vítima dos beijos sufocantes, já que o ambiente se tornou irrespirável. Ele ainda me disse delicadamente "Deixaste cair o teu perfume", e eu remato o momento com uma gargalhada e digo "Lá se foram as pilhas".
Recolhi o vibrador para a mala, despedi-me, alegando cansaço, e fui embora.
O tempo em que recebíamos de presente varinhas mágicas e copos misturadores já lá vai. A era dos vibradores está aí. Há para todos os gostos e carteiras, daí eu ter-me esquecido do meu na minha...
Lembrem-se neste Natal de dar coisas úteis às vossas amigas...

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