05 julho, 2008
Tirei do armário meia dúzia de peças de roupa e dois pares de sapatos, para a viagem que ia fazer. Deixei o carro em casa e fui apanhar o pendular. Sentei-me em primeira classe, e prevendo que o sono iria chegar, resolvi descalçar-me, e quando estava a esticar as pernas, chegou um homem que se sentou mesmo ao meu lado. Ele tinha um ar tão clássico quanto perfumado. Raios! - pensei - e fechei um olhito, deixando o outro entreaberto a vigiar o ambiente. Entretanto adormeci.
Quando acordei, temendo que o fiozinho da baba me tenha traído a figura estudada, resolvi voltar a calçar-me, e enquanto o fazia, ele sorriu e disse-me: "Não devia calçar-se. Tem uns pés lindos!" . Soltei um risinho que não me fez recuar.
"Que número calça?" - eu disse-lhe, o que o fez sorrir.
"Ainda bem que não é demasiado alta" - disse ele simpaticamente.
O que ele devia querer dizer é que sou baixa, e vou bem no número que calço, para não cair dos pés... Este foi precisamente o momento em que pensei que ou me calo para sempre, ou já não lhe dou com os pés.
O comboio chegou a Coimbra, e restava-nos menos de uma hora de convivência. Foi então que lhe resolvi perguntar como se chamava, e perguntar-lhe o que fazia, ao que ele me respondeu, e devolveu as mesmas perguntas, às quais também eu lhe respondi. Entretanto já estávamos em Espinho...
No Porto não tinha ninguém à minha espera, apenas um fim-de-semana de spa, e amigos era o que previa, e era tudo o que me apetecia. A ele deve ter começado a apetecer mais qualquer coisa, porque de repente perguntou-me: "E se viesse jantar comigo hoje?". Só um homem com uma personalidade muito forte teria coragem para fazer um convite assim.
E porque não?... - pensei eu (este é o meu pensamento preferido quando estou receptiva a todas as possibilidades).
Antes de jantar fomos deixar as malas ao hotel, e estava eu no meu quarto a retocar a pintura, quando ele bateu à porta. Vinha aparentemente confiante, entrou no quarto, e sentou-se em cima da cama, de comando de Tv na mão, e começou a fazer zapping enquanto esperava por mim. Entretanto lá saímos em direcção ao restaurante...
À segunda garrafa de vinho comecei a sentir um fracote por ele, e já o meu pensamento estava no acolhedor quarto de hotel, quando ele decide baixar o tom de voz, e falar-me do fracasso do seu terceiro casamento...
"Ó céus!" - pensei - "Queres ver que ele está a pensar no quarto? Mas não é nesse quarto que eu quero que ele pense, é no outro..."
Ele fez questão de pagar o jantar, e eu de o convidar para dançar. Umas amigas minhas punham música num bar, onde os hits dos oitentas não nos chocariam.
Quando lá chegamos, empurrei-lhe um Whisky pela goela abaixo, e uns minutos depois já ele estava pendurado no pescoço das minhas amigas.
Tudo estava a correr bem até ao momento em que ele começou a dançar o "Just like heaven" dos Cure como se fosse o foxtrot!!! Arrasou-me...
Fui emborcar às escondidas uns shots, enquanto ele jingava tudo o que havia nele. "Ai que medo" - pensei. E lá fui eu de sorriso posto bambolear um bocadito com ele. As minhas amigas devem ter notado qualquer desfasamento, porque pouco depois começou a trocar um slow, coisa nunca vista nestes bares. A meio do enrolanço, já qualquer coisa tilintava surdamente nele, e dali ao quarto do hotel, foi só mais um passo...
Quando entrámos no quarto, ele gritou: "Estou tão feliz! Casa comigo".
Eu depois de ter emborcado duas garrafas de vinho, e uns dez shots, já me via de grinalda e cachucho de noivado, e num momento de lucidez pensei:
"Calma, que tu nem sabes se ele tem pêlos no peito. Não te precipites para o abismo..."
Quando acordei, temendo que o fiozinho da baba me tenha traído a figura estudada, resolvi voltar a calçar-me, e enquanto o fazia, ele sorriu e disse-me: "Não devia calçar-se. Tem uns pés lindos!" . Soltei um risinho que não me fez recuar.
"Que número calça?" - eu disse-lhe, o que o fez sorrir.
"Ainda bem que não é demasiado alta" - disse ele simpaticamente.
O que ele devia querer dizer é que sou baixa, e vou bem no número que calço, para não cair dos pés... Este foi precisamente o momento em que pensei que ou me calo para sempre, ou já não lhe dou com os pés.
O comboio chegou a Coimbra, e restava-nos menos de uma hora de convivência. Foi então que lhe resolvi perguntar como se chamava, e perguntar-lhe o que fazia, ao que ele me respondeu, e devolveu as mesmas perguntas, às quais também eu lhe respondi. Entretanto já estávamos em Espinho...
No Porto não tinha ninguém à minha espera, apenas um fim-de-semana de spa, e amigos era o que previa, e era tudo o que me apetecia. A ele deve ter começado a apetecer mais qualquer coisa, porque de repente perguntou-me: "E se viesse jantar comigo hoje?". Só um homem com uma personalidade muito forte teria coragem para fazer um convite assim.
E porque não?... - pensei eu (este é o meu pensamento preferido quando estou receptiva a todas as possibilidades).
Antes de jantar fomos deixar as malas ao hotel, e estava eu no meu quarto a retocar a pintura, quando ele bateu à porta. Vinha aparentemente confiante, entrou no quarto, e sentou-se em cima da cama, de comando de Tv na mão, e começou a fazer zapping enquanto esperava por mim. Entretanto lá saímos em direcção ao restaurante...
À segunda garrafa de vinho comecei a sentir um fracote por ele, e já o meu pensamento estava no acolhedor quarto de hotel, quando ele decide baixar o tom de voz, e falar-me do fracasso do seu terceiro casamento...
"Ó céus!" - pensei - "Queres ver que ele está a pensar no quarto? Mas não é nesse quarto que eu quero que ele pense, é no outro..."
Ele fez questão de pagar o jantar, e eu de o convidar para dançar. Umas amigas minhas punham música num bar, onde os hits dos oitentas não nos chocariam.
Quando lá chegamos, empurrei-lhe um Whisky pela goela abaixo, e uns minutos depois já ele estava pendurado no pescoço das minhas amigas.
Tudo estava a correr bem até ao momento em que ele começou a dançar o "Just like heaven" dos Cure como se fosse o foxtrot!!! Arrasou-me...
Fui emborcar às escondidas uns shots, enquanto ele jingava tudo o que havia nele. "Ai que medo" - pensei. E lá fui eu de sorriso posto bambolear um bocadito com ele. As minhas amigas devem ter notado qualquer desfasamento, porque pouco depois começou a trocar um slow, coisa nunca vista nestes bares. A meio do enrolanço, já qualquer coisa tilintava surdamente nele, e dali ao quarto do hotel, foi só mais um passo...
Quando entrámos no quarto, ele gritou: "Estou tão feliz! Casa comigo".
Eu depois de ter emborcado duas garrafas de vinho, e uns dez shots, já me via de grinalda e cachucho de noivado, e num momento de lucidez pensei:
"Calma, que tu nem sabes se ele tem pêlos no peito. Não te precipites para o abismo..."