15 dezembro, 2009

Dor

Quem não gostaria de ser imune à dor?
A dor é tramada, e a pior dor é aquela que sobe e desce entre a garganta e o peito, e que me tira o sono (infelizmente nunca me tirou o apetite)... é uma dor insuportável. A dor que me dói mais é a da incompreensão, tipo ficar no meio da rua a perguntar "porquê?", e continuar lá sem obter uma resposta.

A última vez que sofri a sério, chorei lágrimas em quantidade que não julgaria possível. E eu até gosto de chorar... choro, e pronto, renasço. Mas chorar pela dor da paixão é diferente de todas as outras dores, porque parece que nunca vai acabar, e que na manhã seguinte teremos mais uma ruga ou um cabelo branco.

A dor é impossível de se aturar, e quando se está a sofrer de amor, a única coisa boa é sabermos que é impossível sentirmo-nos pior, e que portanto o que quer que venha a seguir será sempre melhor. Hoje aconteceu-me olhar para uma das únicas pessoas que me deixaram no meio da rua a perguntar "porquê?", e de facto continuo a perguntar-me porquê? - Porque é que gostei dele?

E foi assim que cheguei à conclusão que todos nós sobrevivemos à dor de um coração despedaçado, porque as dores de amor passam, e nada têm de afrodisíaco, porque quando estamos a sofrer de amor, achamos que nunca mais ninguém nos vai satisfazer sexualmente tanto como a pessoa que nos acabou de deixar. Mas é mentira. É preciso é nunca deixar de tentar, e às vezes até faz bem enganar a dor com um "aqui vai disto" mais ou menos às cegas... e assim um dia, quase sem querer, deixamos de sofrer.